As origens
Por Raul Manuel Coelho
Ao tempo da independência política do Reino de Portugal, no século XII, já a localidade do Avelar existiria, havia cerca de mil anos. Tinha, então, centro numa pequena e antiga praça, na zona do atual largo 11 de novembro; mantendo-se esta, nos sete séculos que se seguiram, até meados do século XIX, como o núcleo da Vila e Concelho do Avelar.
Porém, antes dos Romanos se terem instalado nesse exato local, há 2 mil anos, já por aqui perto vivia uma comunidade, dos então chamados de Lusitanos; provavelmente em torno de uma povoação do tipo castreja, situada mais a nascente, na encosta da serra, acima do atual lugar do Casal de Santo António, dispersando-se até ambas as margens do, antigamente, designado Rio Algia.
A par de outras comunidades locais vizinhas, compartilhavam estes Povos a faustosa floresta ancestral autóctone atravessada pela Ribeira D´Alge; floresta esta, lamentavelmente, desparecida na sua quase totalidade, por ação humana devastadora que não cessa. O abrigo e sustento que este espaço natural, e místico, proporcionava, permitiu que aqui vivessem, ininterruptamente, populações de Homo Sapiens desde há cerca de 40 mil anos. Antes, aqui já viviam os Homo Neanderthalensis, contavam-se algumas centenas de milhares de anos.
Por isso, em nosso entender, mesmo durante o longo período subsequente à queda do Império Romano no ocidente, com as invasões: bárbaras (século V), muçulmanas (século VIII) e da dita reconquista cristã (aqui no século XI), tempos estes com algumas fases mais tumultuosas, nunca estas Terras terão ficado totalmente desertas de Gente.
A origem mais provável para a designação desta comunidade como Avelar, ou Avelal, parece reportar-se ao período da presença Romana, decorrendo da respetiva língua, o latim, supostamente por aqui existirem, ou terem começado a ser cultivadas, para alimento das legiões Romanas, muitas avelaneiras, pelo que, a ser assim, se coloca a difícil questão de se saber como é que, antes, se nomeavam a si mesmas estas gentes.
Contudo, outras suposições se poderão fazer quanto à origem deste nosso topónimo; porém, também estas sem provas que as atestem de modo inequívoco. Curiosa, por exemplo, é a mera hipótese, que colocamos, de este até poder resultar do nome de uma pessoa, família ou grupo: AVIILAII (Avelae, Avela), na imagem, e AVELLI (Avelus) ou AVELIANI (Avelianus), antropónimos estes identificados como indígenas pelos arqueólogos, em grafitos colocados em massa fresca antes da cozedura de objetos cerâmicos, respetivamente, um peso de tear e um tijolo, datados do período compreendido entre os séculos I e II da Era Cristã, encontrados em Conímbriga, aquando das escavações luso-francesas realizadas entre 1964 e 1971; sendo que ali, entretanto, alguns outros objetos de cerâmica utilitária, noutro estudo, foram já identificados, por intermédio de análises físico-químicas de arqueometria, como tendo sido produzidos com argila do nosso Avelar.
Avelar é, também, um importante apelido, usado por muitas pessoas ao longo da história e ainda no presente. Terá origem toponímica; tema para um futuro apontamento.
António Rosa Nunes Pais, no seu recente livro “O meu Avelar” dá-nos conta de que, como palavra, Avelar é também um verbo, significando secar, engelhar e encarquilhar; mas que, em linguagem popular, diz-se de “ser velho e ir-se conservando sem grande perda de forças”.