A Casa do Infantado: novas famílias na região / o Avelarense Francisco Álvares de Avelar
Por Raul Manuel Coelho
Com a integração em 1654 das Terras Avelarenses na grande Casa do Infantado, até à extinção desta em 1834, sucederam-se, como senhores aristocratas, detentores dos direitos e privilégios reais na Comarca das Cinco Vilas, diversos príncipes secundogénitos, os quais, à exceção do segundo, acabariam, em contextos diversos, por alcançar o trono real: Dom Pedro II; Dom Francisco de Bragança (duque de Beja); Dom Pedro III (rei consorte, casado com a sobrinha, a rainha Dona Maria I); Dom João VI; e Dom Miguel.
Logo no século XVII, sob os desígnios de Dom Pedro, a esta região aportaram novas famílias. É o caso, por exemplo, em Chão de Couce, dos Carvalho-Craesbeeck, com as funções de almoxarife e de capitão-mor das Cinco Vilas; dos Sousa-Azevedo-Ribeiro com o cargo de escrivão dos órfãos. Na zona de Pousaflores, instalaram-se também os Nunes Holtreman. Sobretudo a segunda das três famílias referidas deixou vasta descendência, propagando-se a todas terras em redor, incluindo o Avelar.
Assim, foi na segunda metade desses anos seiscentos do milénio passado que, por estas bandas, encontramos o impressor Lourenço Craesbeeck, filho do flamengo, ainda mais famoso, Pedro Craesbeeck. Tendo-se reformado, morou na Quinta do senhor infante, a atual Quinta de Cima, em Chão de Couce, junto da sua filha, Maria de Anvers, casada com o capitão-mor Francisco de Carvalho. Com a sua morte, Lourenço Craesbeeck foi sepultado na Igreja daquela Vila.
No início do século XVIII, causou grande agitação nas Cinco Vilas o chamado episódio do “levantamento de soldados” ao qual se opôs o então capitão-mor, Nicolau de Carvalho Craesbeeck. Visava-se o recrutamento de tropas para a participação de Portugal, aliado dos ingleses e dos Países Baixos, na guerra da sucessão de Espanha.
Nesse conflito, no nosso conhecimento, tomaram parte ativa com grande distinção, pelo menos, duas pessoas com origem na região. Uma, foi Belchior dos Reis, do Casal Galego, Ansião, pai, anos mais tarde, por exemplo, do notável jurisconsulto Pascoal José de Melo. A outra, foi o Avelarense Francisco Álvares de Avelar, o qual, em reconhecimento e recompensa, por esse e outros serviços relevantes, alcançou mercês do rei Dom João V: este, fê-lo cavaleiro da Ordem de Cristo e atribuiu-lhe uma significativa tença anual.
Francisco Álvares de Avelar, no contexto das suas muitas vivências, acabaria por casar na região de Macedo de Cavaleiros com Maria Pinto da Fonseca, com quem teve descendência, tendo morado, por exemplo, em Vale de Prados, então Vila. A sua filha Ana Maria Felícia Pinto da Fonseca de Avelar, por exemplo, casaria com Bento José de Figueiredo Sarmento, fidalgo da casa real, tendo sido moradores na cidade de Bragança.
Antes da participação na dita guerra, já Francisco Álvares de Avelar, muito jovem, fizera carreira militar, chegando a capitão de infantaria. Estivera embarcado 12 vezes, “em trilhadas da costa” e na defesa da barra de Belém.
Participou em diversas batalhas e ações militares no contexto da suprarreferida guerra, nomeadamente, em Monsanto, Badajoz, Brozas, Plasencia, Ciudad Rodrigo, Salamanca, campanhas militares estas que conduziram as forças coligadas a tomar Madrid em 1706. Mais tarde, esteve em Valência de Alcântara e em Marvão, e depois, já na zona de Trás-os-Montes, ainda se encontrou envolvido em diversas outras ações, em especial, as encetadas em Alcanizes e na restauração da praça de Miranda do Douro.
Estas são, pois, apenas algumas das figuras esquecidas da nossa história, merecendo ser melhor lembradas.