Alfredo Teodoro Simões Manso (1843-1923)
Por Raul Manuel Coelho
Em 2023 assinala-se o centenário sobre a morte de um dos Avelarenses mais notáveis de todos os tempos: Alfredo Teodoro Simões Manso. Nasceu no lugar do Castelo, Avelar, em 21 de julho de 1843, filho de José Simões Sénior, natural da vila do Avelar, e de Margarida Rosa de Jesus, do dito Castelo; neto materno, portanto, de Caetano Afonso Manso, de quem lhe chegou o seu principal apelido.
Descendia, pois, das mais antigas, proeminentes e abastadas famílias Avelarenses, tais como: os Afonso, os Medeiros, os Rego, os Passos e os Simões.
Casou em 1872, com 29 anos, em Chão de Couce, com Ana Balbina da Costa Rego, irmã dos prestigiados doutores: João Lopes da Costa Rego, advogado, e Augusto Lopes da Costa Rego, médico, filhos do capitão Francisco Lopes do Rego, natural do Avelar, e de Florência Lucinda da Costa Soares, natural de Maçãs de Dona Maria. Alfredo Manso e sua mulher tiveram apenas dois filhos: o doutor Alberto do Rego e Maria Albertina Simões da Costa Rego, a qual casaria com o doutor José Pereira Barata.
Alfredo Manso, na qualidade de proprietário, toda a vida dedicou atenção às suas terras e às estruturas produtivas que detinha, pelo que se considerava, também, um lavrador, tendo nessa qualidade, aliás, concorrido em exposições distritais, nas quais ganhou alguns prémios. Foi, nesse contexto, um dos fundadores do Sindicato Agrícola de Ansião.
Dedicou-se também, desde jovem, aos estudos, sobretudo na área em que se contaram muitos Avelarenses, a farmácia. Assim, em 1875, perante um júri de três elementos: arguente e examinadores, dois dos quais lentes da Faculdade de Medicina, alcançou merecimento para o exercício desta nobre profissão.
Concomitantemente, exerceu diversas outras atividades e cargos, tanto comerciais, como oficiais. Por exemplo, foi Alfredo Manso diversas vezes uma das quatro pessoas nomeadas, em Diário do Governo, para substituto do juiz de direito da Comarca judicial sediada na vila de Ansião e do Julgado de Chão de Couce, como por exemplo em 1880, 1884, 1885 e 1897; ocupou entre 1899 e 1901 o cargo de encarregado gratuito dos Correios do Avelar; integrou a Comissão Paroquial e Beneficência do Avelar; constituiu-se representante de agência bancária, assegurando os serviços financeiros na Vila.
Com o falecimento do seu cunhado, Augusto Lopes da Costa Rego, sucedeu-o no lugar de administrador do Hospital e Capela de Nossa Senhora da Guia do Avelar, em 1884, a cuja instituição terá deixado, mais tarde, em legado, a sua própria farmácia.
A ação que desenvolveu ao longo de várias décadas em favor desta Instituição, do Avelar e da Região, congregando esforços, meios e vontades, tornaram possível a concretização de diversos obras e melhoramentos, do que se destaca o Hospital e suas dependências, o abastecimento de água, a vistosa fonte, as demais infraestruturas no Terreiro, ruas, a preservação e valorização do Templo da Senhora da Guia, tudo em prol da saúde pública e do bem-estar da população e dos romeiros.
Homem culto, esclarecido e progressista, acompanhou o movimento republicano com posicionamento sempre firme e ponderado. Foi sócio fundador da Associação de Propaganda e Defesa da República do Município sediado em Ansião, tendo, também, integrado a equipa de redação do Jornal local, de então, pró republicano “O Cavador”. A instabilidade política que perpassou a 1ª República, com frequentes mudanças no governo central, acabaria por se refletir a nível local, motivo pelo qual em 1913, sem razão objetiva que o justificasse, Alfredo Manso seria exonerado do cargo de administrador do Hospital. Porém, detendo a presidência da Junta da Paróquia do Avelar, anterior designação da Junta de Freguesia, manteve um lugar, por inerência, na comissão administrativa do Hospital.
Contudo, em março de 1915, num novo contexto político-partidário, foi de imediato reconduzido no dito cargo de administrador, com grande júbilo da população de toda a região, pelo que se realizou uma grande festa e se publicou um jornal: “Justiça”.
Porém, logo em setembro desse mesmo ano, sairia de novo do cargo, retomando a presidência da Junta de Freguesia, pelo que se manteve ligado à gestão do Hospital e Capela de Nossa Senhora da Guia. Mais tarde, em 1918, após a morte repentina do então recém-nomeado administrador, António dos Santos Fino, coube-lhe assumiu novamente o cargo, em regime de substituição, até 1922, voltando, depois, à condição de vogal por ser o presidente da Junta de Freguesia do Avelar.
Em 3 de junho de 1923, a poucas semanas de completar 80 anos, falecia Alfredo Manso. A notícia não passou despercebida a nível Nacional, pelo que o infeliz acontecimento foi noticiado em publicação promovida pelo Jornal Século.
Não só com o seu muito trabalho, visão e dedicação, mas também com donativos materiais e monetários, sempre pugnou pelo desenvolvimento da Terra e pelas necessidades dos mais carenciados. O seu nome consta na toponímia da vila do Avelar, permanecendo, também, na memória Avelarense entre os mais ilustres. A Fundação de Nossa Senhora da Guia do Avelar preserva o seu retrato na galeria de Honra.