2024: Semana da Vila do Avelar: 6º dia – quinta-feira, 20 de junho
Neste dia, a Associação Memória Avelarense dinamizou o evento “REFLETIR AVELAR” sob o tema “Património Cultural Avelarense: material e imaterial”.
A abertura ficou a cargo do Presidente da Junta de Freguesia, Fernando Inácio Medeiros. Seguiu-se uma animada conversa entre os participantes presentes. A moderação do debate foi assegurada por Raul Manuel Coelho, começando por enquadrar o tema no âmbito conceptual e no contexto Avelarense. Tomaram a palavra, nomeadamente:
– José Maria Medeiros, focando-se em especial na Romaria de Nossa Senhora da Guia, bem cultural imaterial, recentemente reconhecido como historicamente relevante no âmbito da Região Centro;
– Mª Manuela Rosa Marques Rego, dando nota, entre outros diversos aspetos, do património cultural em torno das indústrias têxtil e cerâmica, no passado;
– Margarida Freire, destacando o património arquitetónico e as antigas tradições, práticas e expressões populares;
– Filomena Batista, colocando a tónica na importância da revitalização e da criação de tradições.
A sessão terminou com a intervenção do Presidente da Câmara Municipal, António José Domingues, cuja presença revela a crescente atenção que a cultura tem suscitado, como fator de desenvolvimento e qualidade de vida.
Nesta sessão, lembrou-se o conceito de património cultural, legalmente consagrado, como um conjunto de bens que, sendo testemunho com valor relevante de civilização ou de cultura, devem ser objeto de proteção e valorização.
A aludida relevância procede do interesse histórico, linguístico, artístico, arquitetónico, documental, etnográfico, arqueológico, industrial, social, etc. que, pela respetiva antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade, reflita valores de memória e que, por isso, sejam estruturantes da identidade de uma comunidade.
Os respetivos contextos são também património cultural, quando têm, com os ditos bens culturais, uma relação interpretativa e informativa. As próprias realidades subjacentes o são, enquanto testemunhos etnográficos e antropológicos.
Os bens culturais dividem-se, pois, entre materiais e imateriais. Os primeiros subdividem-se em bens móveis e bens imóveis.
Na Lei estão estabelecidos os processos de classificação e de inventariação do património cultural. A classificação, quando atribuída, comporta 3 níveis:
– Bem cultural de interesse municipal;
– Bem cultural de interesse nacional;
– Monumento Nacional (imóveis) ou Tesouro Nacional (bens móveis).
A inventariação, aplicável a todo o património cultural, classificado ou não classificado, consiste no levantamento sistemático de todos os bens culturais, públicos ou privados, visando, como referido, a respetiva proteção e valorização.
Em suma, referindo apenas algumas das ideias compartilhadas neste evento, será de destacar:
– No Avelar existe apenas um bem cultural classificado: o nosso pelourinho, legalmente referenciado como de interesse público;
– A nível municipal têm sido reconhecidos, integrando o roteiro turístico: a Igreja matriz, o forno da senhora da Guia, a Capela da Rascoia, a Romaria de Nossa Senhora da Guia do Avelar, e a ponte medieval/romana no Pontão, na linha divisória com Chão de Couce;
– Referenciados pela antiga Direção Geral do Património Cultural estão diversos locais e objetos arqueológicos, de natureza rupestre, datados de há milhares de anos.
Ao que se entendeu acrescer:
– A necessidade de requalificar condignamente a zona do antigo centro histórico da Vila do Avelar; este abarcando o largo 12 de novembro, parte das ruas da Vila, das Flores e Manuel Antunes Pintassilgo, sobretudo na área de proteção do Pelourinho, legalmente definida, mas nunca respeitada ao longo de décadas;
– A aplicação de regras e incentivos para a reabilitação e utilização destes espaços históricos, sobretudo ao nível das fachadas das edificações e dos pavimentos públicos, local onde, aliás, se crê, ainda subsistir a antiga Casa da Câmara do Concelho do Avelar, esta já em grande ruína;
– Reposicionar, nesse contexto, o Pelourinho, símbolo da autonomia concelhia, dando-lhe o destaque, a dignidade e centralidade que lhe cabe e representa;
– Complementar as referências toponímicas atuais com a indicação dos antigos nomes, exemplo: Praça Costa Rego (antigo Terreiro da Guia);
– Referenciar e sinalizar, adequadamente, os locais e edificações com relevância histórica, nomeadamente, as estruturas onde laboraram oficinas artesanais, fábricas de lanifícios, ou foram sede das agremiações Avelarenses;
– Não só manter a tipicidade da Romaria da Senhora da Guia, tal como a conhecemos nos tempos mais recentes: a grandiosidade espiritual da procissão das velas com sermão; a receção à Banda Filarmónica convidada com concerto a duas bandas; as corridas de bicicletas, o arraial, etc., como ainda, aprofundar essas especificidades, pelo estudo nas fontes históricas, recuperando-as, tal como antes se faziam, mesmo que só em áreas delimitadas e emblemáticas, ou dando-lhes uma forma ajustada aos tempos atuais;
– A inventariação e registo das locuções verbais típicas do Avelar; as histórias e as estórias que se contavam de pais para filhos; as alcunhas; as receitas gastronómicas mais tradicionais da nossa terra; e os modos tradicionais de se fazerem as atividades locais;
– A recolha de objetos e imagens que reflitam e retratem o Avelar do Passado, único modo, por exemplo, de se dispor para memória e conhecimento dos bens culturais já desaparecidos: uma qualquer fotografia antiga, além das pessoas que possam estar retratadas, testemunham todo o espaço envolvente, não só doméstico como das ruas e edifícios daqueles tempos;
– Criação de percursos e trilhos culturais, sob diversas temáticas, que permitam a valorização do património cultural Avelarense, devidamente sinalizado e preservado.
Tornar o Avelar uma vila onde se respire cultura, harmonia, equilíbrio, antigo e moderno, beleza, história, identidade!